HISTÓRIA

Em 1758, dizia o pároco de então que Vilar Formoso já fora “terra grande” a avaliar por algumas ruínas. Hoje, por tudo o que se vê de pé, nota-se que Vilar Formoso é “terra grande”, sendo a maior vila do concelho com uma população quase duplicando a da própria sede.

Nome conhecido de todos os portugueses, Vilar Formoso é um aglomerado populacional constituído por dois núcleos separados pela ribeira de Tourões. O núcleo situado mais a sul é o mais recente e desenvolveu-se a partir do século XIX com a construção em 1892 do caminho de ferro que vai da Figueira da Foz até à fronteira.
A zona hoje conhecida pelo nome de Estação quase que ainda não existia quando em 1886 o abade de Miragaia fez a premonição do seu breve aparecimento:

“Esta freguesia compreende apenas a aldeia de Vilar Formoso e agora tende a desenvolver-se em volta da sua estação, que é elegante e espaçosa, com todas as dependências próprias dela e da delegação da alfândega, um bom restaurante (…) e junto da estação também uma hospedaria, o que representa uma população importante, pululando de um momento para o outro”. Propriamente de Vilar Formoso diz aquele autor: “Prospera a olhos vistos desde que principiou a construção da linha férrea da Beira Alta (…) e mais deve prosperar agora, depois que se abriu à circulação em 23 de Maio ultimo (1886) a continuação da mencionada linha até Salamanca, entroncando nas linhas férreas de Salamanca a Madrid e Paris (…). Está pois Vilar Formoso em ótimas condições de prosperidade”.

O povoamento no território desta freguesia deve ser anterior ao século XII, embora isso não possa afirmar-se positivamente da povoação sede da freguesia, e, claro está, da Estação, que é, da atualidade, a bem dizer.

A toponímia é um cicerone ótimo nesta viagem aos primórdios da freguesia. A norte da povoação de Vilar Formoso fica o sítio chamado Tegril, que parece ser, sem qualquer dúvida, um genitivo de nome pessoal de origem gemânica, Trasigildus, aludindo a uma “villa” Trasigildi organizada pelo século IX ou X, na margem da ribeira de Tourões. Sendo assim, a conservação deste topónimo prova a persistência de população que o conservaram até ao povoamento de Vilar Formo-so que pode ter tido o princípio nessa “villa” ou numa fração dela, o velho “villar” que, despovoado, veio a repovoar-se no século XII a partir de Castelo Bom.

É provável que a primitiva localização da atual povoação tivesse sido nas imediações da vetusta Capela da Senhora da Paz, pois na primeira metade deste século foram aí encontrados vestígios de construções antigas: alicerces de casas, soleiras de portas, alicerces de azulejos, tijolos de pavimentos, etc. Sinal de um povoamento local antiquíssimo são as sepulturas abertas na rocha, as quais têm sido consideradas proto-cristãs, se não mais antigas.
Pela sua situação em plena raia, sofreu esta freguesia, desde a Nacionalidade, e por várias vezes, toda a sorte de assaltos, cercos e devastações. E tornou a sofrer muito por ocasião da Guerra Peninsular. No termo da povoação, no sítio do Chão dos Mortos, desenrolou-se em 1811 a famosa batalha conhecida por Fuentes de Oñoro entre Massena e o exército anglo-luso, “cobrindo as tropas literalmente esta freguesia e todas as circunvizinhas, tanto portuguesas como espanholas, na distância de léguas”, como disse o abade de Miragaia.
Esta batalha, que devia antes chamar-se de Vilar Formoso e não de Fuentes de Oñoro, apesar de ganha pelos defensores da independência nacional, valeu muitos prejuízos à freguesia, como já tinha acontecido com a devastação provocada em 1808 por Loison e por Massena que, para se vingar dos desastres de Junot e Soult, invadiu Portugal pelo Cimo Côa, e mais tarde, quando da retirada das linhas de Torres Vedras, saqueando, devastando e incendiando. Foi em Vilar Formoso que Lorde Wellington estabeleceu o seu quartel general, centro das evoluções estratégicas de Riba-Côa.

A organização paroquial de Vilar Formoso é seguramente anterior ao século XIII, pois a sua igreja já é citada e taxada (15 libras) no arrolamento de 1320. A igreja matriz e a Capela da Senhora da Paz são obra dos Templários que D. Dinis substituiu pela Ordem de Cristo. Foi uma abadia da mitra e do papa, tendo o abade uma renda que rondava os 600 mil réis. Dava a terça e a dízima, mas ao contrário da maior parte das igrejas do bispado não dava cera, nem censória e mortalhas, nem procuração.

No templo paroquial destaca-se a capela-mor coberta por um teto mudéjar bem conservado, policromo e de elegante ornato. Os altares são barrocos. Conserva ainda uma pia batismal monolítica, Dignas de visita são também as capelas da freguesia e as casas antigas, alpendradas, da Aldeia Velha. De visita obrigatória é o edifício da estação ferroviária, um bom exemplar da arquitetura do século passado, com admiráveis azulejos e uma velha locomotiva a vapor.
A partir da década de 80, esta vila sofreu um elevado crescimento a todos os níveis, beneficiando do facto de se situar numa zona fronteiriça e o escudo ter desvalorizado face à peseta. As melhorias foram notórias.

Assim como Lisboa e Porto são as melhores salas de visitas por via aérea e marítima, Vilar Formoso é a sala de visitas por excelência, tanto por via férrea como rodoviária.

Executivo

André Duarte Lopes da Silva– Presidente
Carlos Manuel Monteiro dos Santos Pereira – Secretário
Cátia Sofia Sequeira Pocinho – Tesoureiro

Contactos

Rua Externato, nº11
6355-265 Vilar Formoso
Telefone: 271 512 845
Email: mail@jf-vilarformoso.pt

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PÓLO MUSEOLÓGICO

Em Junho de 1940, e ao arrepio das ordens recebidas, o cônsul português, em Bordéus, Aristides de Sousa Mendes, emitiu milhares de vistos permitindo a fuga para a liberdade a muitos que fugiam ao nazismo. Para honrar esta acção e relembrar o papel crucial que Portugal desempenhou no acolhimento aos refugiados durante a II Guerra Mundial, a Câmara Municipal de Almeida criou o pólo museológico, VILAR FORMOSO – FRONTEIRA DA PAZ, MEMORIAL AOS REFUGIADOS E AO CÔNSUL ARISTIDES DE SOUSA MENDES.

Através de seis núcleos distintos, Gente como Nós, O Início do Pesadelo, A Viagem, Vilar Formoso – Fronteira da Paz, Por Terras de Portugal e A Partida, o visitante poderá « vestir a pele » de um refugiado no percurso até à Liberdade.

Este Pólo Museológico que se integra no projecto da Rede das Judiarias de Portugal – Rotas de Sefarad, foi construído a partir de dois armazéns existentes, alvo de um contrato, por 20 anos, entre a C.M. de Almeida e a IP Património. Estes armazéns localizam-se na Estação de Caminhos de Ferro de Vilar Formoso, definindo o limite Sul/Sudoeste do Largo da Estação.

Conceito Geral do Pólo Museológico – Do Espaço Expositivo

O espaço expositivo transmite, “quase” fisicamente, a experiência destes refugiados europeus que, durante a IIª Guerra Mundial, tiveram como uma das poucas hipóteses de salvação, a fuga através de Portugal, aqui ficando, até à posterior partida para, maioritariamente, o novo continente. – A América.

O Novo Volume da Entrada 

A Nascente, sobre a plataforma existente, foi criado um Novo Volume que tem uma forma cúbica, com cerca de 4,50 m de lado e que se adossa ao Armazém Pequeno, a eixo com a fachada nascente deste. Este Volume alberga as funções de espaço de Entrada /Recepção do novo Pólo Museológico/Memorial.

O Armazém Pequeno

O espaço expositivo começa, então, neste edifício que integra os dois primeiros núcleos: o Núcleo 1 – Gente como Nós e o Núcleo 2 – O Inicio do Pesadelo.

A forma deste edifício propicia a concepção de um espaço que se desenvolve em comprimento (tipo corredor) assim criando um percurso contínuo, que muito bem se adapta ao conteúdo expositivo proposto.

Núcleo 1 – Gente como Nós

Este primeiro Núcleo vai apresentar a vivência da normalidade daqueles que eram “gente como nós e que irão ver as suas vidas viradas do avesso, com a ascensão ao poder de Hitler, na Alemanha, em 1933.

Núcleo 2 – O Início de Pesadelo

No núcleo 2, o pesadelo em potência, já subjacente de uma forma subtil, no núcleo 1, vai concretizar-se.

O conteúdo expositivo apresenta, numa sequência cronológica, de 1933 a 1940, os acontecimentos mais importantes que obrigaram milhares de pessoas a fugir, a abandonarem as suas vidas, as suas casas, a separar-se de amigos e familiares, a romperam as suas vidas normais e a fugirem para o desconhecido.

A forma do espaço é, então, um corredor, de secção hexagonal variável, progressivamente decrescente, em que os diversos planos confluem num ponto de fuga imaginário, à altura do olho humano. O efeito de perspectiva forçada daí resultante cria um espaço que “suga e empurra para o fundo”.

A forma deste espaço relaciona-se ainda, simbolicamente, com a Estrela de David.

Núcleo 3 – O Novo Volume da Viagem
Este novo volume, que une os dois armazéns existentes, permite dar continuidade ao percurso expositivo correspondendo ao Núcleo 3 – A Viagem.

Este volume, quase suspenso, inspira-se na forma e nas dimensões de um comboio, construindo um espaço viagem, dinâmico, onde o pavimento, as paredes e tecto se inclinam relativamente à horizontal e à vertical.

Pretende-se que a forma e o conteúdo comuniquem, ao visitante, as condições duras desta viagem, deste percurso de fuga, quase sempre uma verdadeira prova de obstáculos em que as filas à porta dos consulados, para obtenção de vistos, a falta de alojamento, de comida e de transportes eram, apenas alguns dos contratempos com que se teriam de debater. Felizmente para muitos, Aristides de Sousa Mendes esteve nesse caminho de fuga.

O Armazém Grande

Os núcleos 4,5 e 6 implantam-se no Armazém Grande que já existia ao tempo da IIª Guerra Mundial.

Este armazém cria um espaço de contraponto intencional aos espaços dos núcleos anteriores: a ideia de Expansão e de Abertura, em oposição à ideia de Compressão e Fecho anterior; de Luz e de Comunicação com o Exterior/Exteriores, em contraponto à predominância da Escuridão e Oclusão anterior; de Múltiplos Caminhos possíveis em vez de um Único Percurso de Fuga; de um Espaço que Acolhe e propícia uma Pausa, em contraponto a um Espaço que Empurra, de um Andar Sem Descanso.

Núcleo 4 – Vilar Formoso / Fronteira da Paz
O primeiro espaço que acolhe em Portugal – Vilar Formoso – a principal fronteira de entrada em Portugal para quem vinha de comboio ou de carro.

Na antecâmara, no espaço de entrada no Armazém Grande, a receber-nos – o Azul: o Azul da Placa de Azulejos que dá a certeza do grande objectivo conseguido – “ Vilar Formoso – Portugal”, o Azul de um Céu sem guerra e sem perigo, o Azul das pessoas calorosas que receberam os refugiados.

Aqui, no percurso expositivo duas hipóteses se colocam – vêem-se duas entradas – uma mais ampla e franca e outra mais escondida. Experimentemos a segunda.

O Comboio Maldito

A história do denominado Comboio Maldito – o comboio com cerca de 300 Judeus Luxemburgueses a quem foi negada a entrada em Portugal, em Novembro de 1940.

Estes refugiados ficaram retidos durante cerca de uma semana num comboio estacionado na Estação de Vilar Formoso à espera… do veredicto.

Vilar Formoso / Fronteira da Paz

A outra entrada, franca, é que nos vai dar acesso ao espaço, de paredes curvas e geometria de base circular, que nos vai contar a chegada dos refugiados para quem Vilar Formoso foi a Fronteira da Paz.

Núcleo 5 – Por Terras de Portugal
Depois de cumprirem todas as formalidades para entrarem em Portugal / Vilar Formoso, e devido a um afluxo crescente, a maioria dos refugiados eram encaminhados para estâncias balneares e termais, onde ficavam em residência fixa. A linha de caminho-de-ferro da Beira Alta foi um dos principais meios de transporte para o escoamento e distribuição dos refugiados Por Terras de Portugal.

Assim, a partir do núcleo de Vilar Formoso, abrem-se vários percursos (expositivos): um percurso/corredor directo para Lisboa e outros para os outros subespaços que irão representar os principais locais de residência fixa em Portugal: Duas cidades: Porto e Coimbra, as estâncias termais: Luso/Buçaco e Curia e Caldas da Rainha e as estâncias balneares: Figueira da Foz, Ericeira e Praia das Maças/Azenhas do Mar, Estoril/ Cascais e outras localidades, perto de Lisboa, como Sintra e Lousa de Cima. 
Núcleo 6 – A Partida
O núcleo da Partida é uma parede recta que se destaca e se autonomiza, a partir da parede curva do núcleo de Lisboa. Era daqui que se partia para o Novo Mundo ou de barco, a partir do Porto de Lisboa (normalmente da Doca Rocha Conde de Óbidos) ou de hidroavião/clipper, a partir da Estação Marítima de Cabo Ruivo ou/e, mais tarde, com a abertura do Aeroporto da Portela, de avião.

Do lado exterior da parede da Partida, que corresponde ao espaço Loja e Saber Mais, existe a parede-instalação-memorial que fecha a exposição, na qual o elemento fixo e central é um excerto da resposta de Aristides de Sousa Mendes à Nota de Culpa do Processo Disciplinar, que lhe foi movido pelo MNE, e que data de 10 de Agosto de 1940: 

Era realmente meu objectivo “salvar toda aquela gente” cuja aflição era indescritível

Acima e abaixo desta frase, de uma forma dinâmica colocaram-se na parede, e poderão colocar-se ainda mais, fotografias contemporâneas das famílias que devem a sua continuidade aos vistos emitidos por Aristides de Sousa Mendes.

Ainda neste espaço Saber Mais, os visitantes podem aceder, através dos tablets ai instalados, à versão integral dos testemunhos orais, cujos excertos foram integrados no percurso expositivo e, ao sítio da Internet – Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes – mvasm.sapo.pt

Exterior:

Um “bosque de carvalhos”, a norte do Armazém Grande, constitui-se como espaço exterior de saída do Pólo Museológico – um jardim recorrível designado de Jardim da Memória.

Do lado do caminho-de-ferro, em parceria com a Sousa Mendes Foundation, iniciou-se um memorial exterior, em pedra, onde começaram a ser gravados os nomes daqueles que receberam vistos de A. Sousa Mendes e que passaram por Vilar Formoso nos idos de 1940.

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HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

De Terça-Feira a Sexta-Feira:
Período da manhã: 09h00-12h30
Período da tarde: 14h00-17h30

Sábados, Domingos e Feriados:
Período da manhã: 10h00-12h30
Período da tarde: 14h00-17h30

Dias de encerramento:
– Segundas-Feiras
– 01 Novembro
– 24 e 25 Dezembro
– 01 Janeiro

FICHA TÉCNICA DO PÓLO MUSEOLÓGICO

Promotor

Município de Almeida 

Coordenação Geral, Projecto de Arquitectura e de Museografia

Luísa Pacheco Marques, Arquitecta — Sociedade Unipessoal, Lda.

Luísa Pacheco Marques, Arquitecta (coordenação geral e autoria)

Milena Raposo, Arquitecta

João Gomes, Arquitecto

Comissariado e Investigação

Margarida de Magalhães Ramalho, Historiadora

Design Gráfico

LPM, Arquitecta Lda. e Filipa Pias

Projecto de Arquitectura Paisagista

Luís Cabral, Arquitecto Paisagista, Arpas – Arquitectos Paisagistas Lda

Projectos de Instalações Técnicas

Prom&E Group – Building Solutions (coordenação)

PMP – Consultores de Engenharia, Lda.

ECWS – Engineer and Consulting, Lda.

Construtor

António Saraiva e Filhos, Lda

Director Técnico de Obra

Carlos Santos, Engenheiro

João Pires, Engenheiro

Director Fiscalização de Obra

Pedro Pires, Engenheiro

Produção Vídeo e Som

Lx Filmes

Produção Multimédia

Edigma

Reprodução Fotográfica

Giorgio Bordino

João Francisco Vilhena

Produção Expositiva

Workstation – Soluções Gráficas, Lda

Pronto a Imprimir – Webprint, Lda

Tradução Inglês

Stewart Lloyd-Jones CPHRC Editorial Services

Revisão Português

Gisela Miravent

Artes Gráficas e Impressões

Claim Ideas, Lda

Iluminação

Miragem – Iluminação Arquitetural, Lda

Visual Stimuli – Lighting Design

Financiamento da Construção

EEA Grants

Ministério da Cultura – Direcção Regional de Cultura do Centro

Câmara Municipal de Almeida

Rede de Judiarias de Portugal

Financiamento dos Conteúdos Museológicos e dos Materiais de Divulgação

Aldeias Históricas de Portugal

PROVERE

Mais Centro

QREN

União Europeia

Apoios

Sousa Mendes Foundation

Bodhi Tree Foundation

LOCALIZAÇÃO E CONTACTOS

Localização:

Rua do Externato nº 11
6355-265 Vilar Formoso

Contacto:

Tel. 271 149 459